quarta-feira, 23 de setembro de 2009

"Não permita que nenhuma borracha apague os traços marcantes de sua vida".



Deito-me, silencio e escuto o farfalhar das folhas com o tocar do vento. Deixo-me levar, sou levado para a mais distante estância do meu ser. Lá encontro o passado, o presente e projeto o futuro. Revejo os meus desejos de crianças, corro para pegá-los, mas sinto-os distantes. Brinco com os medos que tinha. Olho em baixo da cama antes de dormir; durmo de luz acesa; espero o beijo dos meus pais; finjo que estou dormindo para escutar as conversas dos adultos... Por um instante volto para onde não queria ter saído.
Ando rápido na estrada da minha vida, não quero ver o final, monto na bicicleta e faço algumas paradas. Jogo a moeda, deu coroa, tenho que voltar. Vou voltar, mas não para onde tenho que ir, e sim para aquele instante.
Estou deitado, os dois braços esticados, uma picada em cada braço, acho que estão tirando sangue de mim. Uma maquina grande está ali atrás, o que será isso? Deu me lembrei. Estou fazendo uma ação importante, mas o que mesmo. Ah sim, estou ajudando a pessoa que mais me ajudou até hoje, o meu irmão. Estou doando a medula para ele. Porque ele está careca e eu não? Porque eu não posso entrar ali? Será que não sou bem vindo? Ele está sorrindo, isso me deixou melhor. Espera ai, não quero ir ainda...
Estou sentado na poltrona azul de um quarto frio. Porque tem duas camas? Porque um monte de saquinhos com água? Quem é que está deitado ali? Mano? Mãe? O que está acontecendo? Quem é você? Não toca nele! Está bem vou me comportar. Valeu por me lembrar. Que livro estou lendo? Uma Leve Simetria- Rafael Jacobsen, parece ser bom. Que horas está marcada? Quatro horas de duração? Vai dar tudo certo. Não, eu quero saber o resul...
"Eu sei que tudo posso, eu posso suportar. Não importa o que me aconteça, estou tuas mãos".
Mano? Está bem vou te deixar dormir. Volto mais tarde.
Japão, Japão... Oi mano...
Mãe o mano acordou, ele falou comigo...
Vamos pro colégio. Estou cansado Mano.
Mãe pede pro mano treinar mais...
Vejo a moeda do mesmo jeito que tinha tocado, agora ela está na minha mão. Vou guardá-la, está tarde, vou me deitar. Boa noite. Abraços

8 comentários:

  1. Nossa! Bonito mesmo... é o texto teu que mais gostei... E certamente não é porque "entrei de gaiato" no meio dele! Abraços e sucesso!

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  2. "Revivi" muitos momentos contigo neste texto.
    Lindo e emocionante... poucos conseguem expressar de forma tão fidedigna esses momentos todos.
    Parabéns Carlos Chaves, te amoo.

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  3. É um texto mais voltado para si. Legal. Mais com um intuito de brincar com suas lembranças e estados de espírito, não é mesmo? Eu gostei muito da forma como tu iniciou e, no fim, quando tu lembraste da moeda, senti um arrepio (era para o leitor sentir arrepio nesse momento, ou eu sou muito sensivel? *gay*).
    Eu fiz um conto nesse estilo também, há umas semanas atrás. Se der, eu te mando pra ti ver.


    Tu só escreve no blog agora? Não faz mais contos ou poemas?

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  4. Já te falei do teu dom de me emocionar, né? Sem palavras Caaaarlos.. a tua vivência, a tua sensibilidade e o teu talento não poderiam dar em outra coisa. Tu tem futuro e eu desejo, de coração, todo "sucesso" do mundo, e não tô falando de fama e popularidade, mas aquele sucesso que só quem escreve, entende.

    beijo, Rê

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  5. cada dia que passa e cada texto qe eu leio teu, eu me surpreendo e me emociono mais cntg!! amei esse, palavras bonitas lembrando de momentos que vao marcar pra sempre! assim que tem que serr, ser bom com quem foi contigo e ter o sentimento de dever comprido! sucesso, beijinhos

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  6. Desculpo-me pela falta de palavras para comentar...

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  7. eu ñ tenho nada de mais para cometar mais só sei disser que amei essas frases queria muito escrever ela para o meu namorado

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