segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Uma Questão de Equilibrio



Está frio aqui na sala do computador. Não sei porque não estou deitado na minha cama ainda, mas já que estou aqui vou escrever um pouco. Vou falar sobre um livro que li esses dias: Uma Questão de Equilíbrio- Rafael Koff Acordi, emocionei-me muito durante e após a leitura. Quando está se enfrentando um problema, geralmente buscamos apoio em certas coisas, e o meu apoio é na leitura. Esse livro renovou minha esperança, fortificou minha fé, mostrou-me que é possível vencer. Sei que o Rafael fez tudo o que é possível para ficar aqui nesse plano, mas a doença voltou mais forte e mais resistente, o que impossibilitou uma vitória sobre ela. A sua mensagem não deixou de ser passada. Em muitos momentos fiz ligações com a história dele e do meu irmão, um outro guerreiro nessa luta contra o câncer. Um menino que sorri para o câncer e diz: Porque és tão mal? Porque não somos amigos? Porque queres interromper meu sonho, minha tragetória?
Ele luta contra o câncer. Ele luta contra as limitações. Ele luta pela sua família, seus amigos... Sua VIDA. Meu irmão todos o dias mostra-me que é possível sorrir. Que nem diz a canção do filme do Charlie Chaplin - Luzes da Ribalta.


Sorria,

Para que chorar?

Você irá descobrir que a vida

Ainda vale a pena

Se você somente sorrir.




Vou sorrir para vida que nem meu irmão.

Um grande abraço


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

"Não permita que nenhuma borracha apague os traços marcantes de sua vida".



Deito-me, silencio e escuto o farfalhar das folhas com o tocar do vento. Deixo-me levar, sou levado para a mais distante estância do meu ser. Lá encontro o passado, o presente e projeto o futuro. Revejo os meus desejos de crianças, corro para pegá-los, mas sinto-os distantes. Brinco com os medos que tinha. Olho em baixo da cama antes de dormir; durmo de luz acesa; espero o beijo dos meus pais; finjo que estou dormindo para escutar as conversas dos adultos... Por um instante volto para onde não queria ter saído.
Ando rápido na estrada da minha vida, não quero ver o final, monto na bicicleta e faço algumas paradas. Jogo a moeda, deu coroa, tenho que voltar. Vou voltar, mas não para onde tenho que ir, e sim para aquele instante.
Estou deitado, os dois braços esticados, uma picada em cada braço, acho que estão tirando sangue de mim. Uma maquina grande está ali atrás, o que será isso? Deu me lembrei. Estou fazendo uma ação importante, mas o que mesmo. Ah sim, estou ajudando a pessoa que mais me ajudou até hoje, o meu irmão. Estou doando a medula para ele. Porque ele está careca e eu não? Porque eu não posso entrar ali? Será que não sou bem vindo? Ele está sorrindo, isso me deixou melhor. Espera ai, não quero ir ainda...
Estou sentado na poltrona azul de um quarto frio. Porque tem duas camas? Porque um monte de saquinhos com água? Quem é que está deitado ali? Mano? Mãe? O que está acontecendo? Quem é você? Não toca nele! Está bem vou me comportar. Valeu por me lembrar. Que livro estou lendo? Uma Leve Simetria- Rafael Jacobsen, parece ser bom. Que horas está marcada? Quatro horas de duração? Vai dar tudo certo. Não, eu quero saber o resul...
"Eu sei que tudo posso, eu posso suportar. Não importa o que me aconteça, estou tuas mãos".
Mano? Está bem vou te deixar dormir. Volto mais tarde.
Japão, Japão... Oi mano...
Mãe o mano acordou, ele falou comigo...
Vamos pro colégio. Estou cansado Mano.
Mãe pede pro mano treinar mais...
Vejo a moeda do mesmo jeito que tinha tocado, agora ela está na minha mão. Vou guardá-la, está tarde, vou me deitar. Boa noite. Abraços

terça-feira, 15 de setembro de 2009

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome"


Dias como hoje, onde tudo é um ponto de interrogação, me sinto desanimado. Qual a certeza que tenho, qual o momento em que há ponto de exclamação? A resposta não vem. Meu dia é uma pergunta atrás da outra em busca de uma resposta que não chega. Pergunto-me porque estou assim. A resposta não vem. Pergunto-me porque está se procedendo desse jeito as coisas. A resposta não vem. Pergunto-me se as perguntas são coerentes. A resposta não vem. Tudo é um ponto de interrogação. Definir esse dia como ruim, não seria a melhor definição. Um dia mais existencial, é mais coerente, mas também não é o correto. Um dia igual aos outros encarado de forma diferente, pode ser. Tento sair de dentro de mim, desses conflitos internos, e acabo me perdendo mais ainda. Por mais que seja confuso, pelo menos é minha confusão e de uma maneira ou outra eu saberei me achar, já na dos outros é mais complicado. Alguém me perguntou: O que aconteceu contigo? Eu respondo: Não sei. Falo que estou tranquilo em relação ao que está acontecendo e essa pessoa diz: Está querendo enganar a quem?
Eu respondo: Talvez a mim mesmo.
Acho que esses pontos de interrogação continuarão, não poderei evitá-los. Vou tentar apenas encontrar um ponto de exclamação no caminho, talvez não queria admitir, mas o que eu preciso é de um ponto final.

Rifa-se um coração - Clarisse Lispector


Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

sábado, 5 de setembro de 2009

Charles Chaplin

A vida me ensinou...
A dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração;
Sorrir às pessoas que não gostam de mim,
Para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam;
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, para que eu possa acreditar que tudo vai mudar;
Calar-me para ouvir; aprender com meus erros.
Afinal eu posso ser sempre melhor.
A lutar contra as injustiças; sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo.
A ser forte quando os que amo estão com problemas;
Ser carinhoso com todos que precisam do meu carinho;
Ouvir a todos que só precisam desabafar;
Amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafetos;
Perdoar incondicionalmente, pois já precisei desse perdão;
Amar incondicionalmente, pois também preciso desse amor;
A alegrar a quem precisa;
A pedir perdão;
A sonhar acordado;
A acordar para a realidade (sempre que fosse necessário);
A aproveitar cada instante de felicidade;
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar;
Me ensinou a ter olhos para "ver e ouvir estrelas",
embora nem sempre consiga entendê-las;
A ver o encanto do pôr-do-sol;
A sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser;
A abrir minhas janelas para o amor;
A não temer o futuro;
Me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente,
como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que eu mesmo tenha que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Bagunça


Sentado em minha cama, sozinho em meu quarto, vou começar a escrever. Ouço o barulho da chuva caindo no telhado, e sinto vontade que ela caia em mim. Sim, gostaria de tomar um banho de chuva, queria que ela levasse embora meu desânimo, e ao mesmo tempo me trouxesse a paz. Sentir as gotas em meu corpo, é mais que apenas sentir aquele pingo gelado, é sentir a presença da natureza, a presença de Deus. Estou interagindo com ele. Agora quero ir para lá, mas não posso, tenho que ficar aqui, um pouco por não querer ficar gripado, outro pouco por ter medo de encarar a minha solidão. Não queria sentir medo de ficar sozinho, mas nos últimos dias me senti assim, queria pessoas e mais pessoas, independente de quem fosse, queria apenas pessoas. Observando meu quarto, vejo minha escrivaninha desarrumada, mas será que é só ela que está desarrumada? Está desarrumada porque? Por preguiça? Acho que é pelo cansaço. Estou cansado de aparentar estar bem, quero ter a coragem de mostrar que estou mal, mas não consigo. As roupas estão jogadas no chão, os calçados estão espalhados, folhas e mais folhas perdidas, sem rumo, e eu num caos interno. É para estar bem? Difícil. Penso que o quarto é o espelho do interior de uma pessoa, se ele está desarrumado, alguma coisa nela está fora do lugar. Vou parar por aqui, vou me levantar da cama, que não deixa de ser meu refúgio e arrumarei meu quarto, na busca de tentar me situar internamente. Vou dar um jeito no meu "quarto". Abraços

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Estou em Tuas mãos


Eu sei que tudo posso
Eu posso suportar
Não importa o que me aconteça
Estou em Tuas mãos...

Esse trecho é de uma música do Robson Monteiro, e significa muito para mim. Escutei pela primeira vez dois dias após o meu irmão ter realizado a cirurgia no abdomem. Tive vontade de rir e de chorar. Agradeci pelo meu irmão ter feito uma cirurgia ótima, em que tudo ocorreu bem. Lembrei dos momentos que com ele passei e pensei nos que passaríamos juntos ( que ainda vamos passar juntos). Pensei que deveria levar para ele essa musica, mesmo ele não podendo me ver, ele poderia me escutar e era isso que iria fazer.
No dia seguinte quando estava no horário de visita na U.T.I, e era a minha vez de entrar, fui ao box em que o mano se encontrava. Quando cheguei perto dele, beijei-o e cantei suavemente. Não sei bem se cantei, acredito que tenho proferido as frases em seu ouvido, bem devagar para que ele pudesse assimilar melhor elas.
Hoje dia primeiro de Setembro, sei que podemos tudo sim, quando estamos nas mãos de Deus, quando nos entregamos abertamente à ele, sem preconceitos, sem medo, sem mágoa, apenas deixamos ele nos pegar no colo e conduzir nossa vida da melhor maneira.
Meu irmão está comigo em casa, jogamos vídeo-game, brincamos, lemos, conversamos... aproveitamos muito bem o tempo que estamos juntos, e principalmente, sabemos dar valor a esse tempo.
Tenho muito orgulho da família que tenho, dos meus pais que sempre estiveram comigo, do meu irmão que me passa diariamente lições valiosíssimas de a vida vale a pena, e de mim mesmo, que procuro, em meio a tudo que ando vivendo, não reclamar e lamentar, mas sim agradecer por ter a oportunidade de crescer cada vez mais.
Todos os dias quando acordo dou bom dia para o dia, converso comigo mesmo, e profiro para mim, o trecho que para meu irmão eu proferi. Acredito sim, que todos nós podemos tudo.
Estive ausente aqui por um bom tempo, não sei se me ausentarei de novo, mas sempre que escrever vai ser quando estiver bem. Espero que gostem, abraços.